quinta-feira, 28 de abril de 2016

EDUCAÇÃO FÍSICA -(Prof. Sávia) ÉTICA E RESPEITO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FISICA

ÉTICA E RESPEITO
A Ética deve refletir sobre os fundamentos e os princípios da moral buscando o enfrentamento de desafios.
A palavra ética vem do grego Ethikós, que significa "modo de ser". Trata o comportamento humano pelo seu valor moral, a natureza do bem e do justo. É também chamada de filosofia moral, por tratar dos valores em sociedade, isto é, do comportamento humano pelo seu valor moral.
Observe as situações abaixo nas aulas de Educação Física e reflita no conceito de Ética.
Situação 1

Durante a aula de Educação Física, no momento de realização de uma atividade lúdica para alunos do segundo ano, havia um aluno que apresentava limitações motoras. A atividade era basicamente a realização de um circuito com cordas, cones e arcos, que os mesmos deveriam vivenciar. Porém, o aluno como apresentava dificuldades motoras demorou um pouco mais para realizar todo o circuito em comparação com os demais. Neste instante outro aluno (AL.1) disse:
[...] “Vai logo, você é muito lerdo, vai mais rápido, anda logo”
 Esta situação fez com que a professora parasse imediatamente a atividade por alguns minutos para dialogar com os alunos sobre respeito, pondo-os sentados em círculo. A mesma questionou o aluno (AL.1) por que se referiu desta forma ao colega. Então o aluno respondeu: [...] “Porque ele demorou muito”
 [...]. A professora esclareceu sobre a diversidade humana e que as pessoas são diferentes. A mesma ressaltou a necessidade de respeitar o próximo com as características, dificuldades e limitações que apresentam. Neste momento, um dos demais alunos pediu à professora que repetisse a atividade, pois ele iria ajudar o aluno no percurso. Assim foi feito, e a cada nova atividade outros alunos também se prontificaram em ajudar o colega nesta e nas atividades seguintes, inclusive o próprio aluno que o ofendeu (AL.1).
 A professora questionou o aluno (AL.1) se ele não deveria se desculpar com o colega ofendido por ele, e ele afirmou que sim e assim foi feito sem resistência por parte do mesmo.
 Segundo Daólio (2005) a Educação física, deve considerar que todos os alunos, independentemente de suas diferenças e limitações, são iguais no direito a sua prática, respeitando-o. A professora pela sua intervenção impediu a exclusão do aluno da atividade e sua frustração e ao mesmo tempo contribuiu para que os alunos vivenciassem uma ação solidária e de respeito para com o colega.

Situação 2

 Durante a aula de Educação Física para alunos do quinto ano, no momento de realização de um jogo de regras denominado “queimada” cujo objetivo era acertar todos os 6 colegas da outra equipe com uma bola, “queimando-os”, foi observado que grande parte dos alunos que eram queimados mentia alegando que a bola não havia encostado neles.
A reincidência desta atitude por parte dos alunos, fez com que a professora interrompesse a atividade e os colocasse sentados em círculo a fim de dialogar sobre honestidade. A professora esclareceu que não faz sentido praticar uma atividade lúdica com base na desonestidade.
Nesse momento, um aluno (AL.2) comentou: [...] “Mas no futebol, sempre vemos os atletas simulando faltas enganando o juiz agindo também com desonestidade” [...].
A professora explicou que esse tipo de conduta é errado, que independentemente do tipo de esporte, seja profissional (de alto rendimento) ou educacional (ensinado na escola), deve haver respeito pelo adversário obedecendo às regras do jogo e agindo com honestidade. Esclareceu que as virtudes de honestidade, respeito e justiça não são exclusivas do esporte educacional e que devem ser constantemente vivenciadas no jogo competitivo exigindo um esforço constante.
É preciso reconhecer que as virtudes devem estar presentes no esporte escolar, repudiando-se os vícios, que não são exclusivos do esporte de alto rendimento, mas que também estão presentes no âmbito escolar.
 Acrescentou que no esporte profissional os interesses financeiros envolvidos, como pressão dos patrocinadores pela vitória para maior exposição da sua marca, podem motivar que determinados atletas assumam condutas erradas a fim de alcançarem a vitória a todo custo, o que deve ser avaliado, julgado e punido, já que neste existe uma justiça desportiva.
 Em seguida o jogo foi retomado com uma modificação. Embora a professora permanecesse coordenando a atividade, a mesma passou a responsabilidade para os alunos, que teriam de assumir que foram “queimados” sem que a professora tivesse alguma intervenção. A cada momento em que um aluno reconhecia que havia sido “queimado” a professora o elogiava por ser honesto. Tal postura assumida por parte da professora contribuiu para a valorização da conduta calcada na prática da virtude honestidade nas ações do educando, vivenciadas no jogo.
O jogo foi conduzido desta forma e foi nítida a satisfação de todos os alunos, pois se sentiram mais responsáveis e orgulhosos em conduzirem a atividade com honestidade.
 Ao término da aula a professora reuniu novamente os alunos enfatizando a necessidade de agirem com honestidade em todos os jogos e também nas situações do cotidiano de cada um.

Situação 3

Durante uma aula de Educação Física ministrada para uma turma do quarto ano do Ensino Fundamental, no momento de uma atividade psicomotora, uma aluna caiu e se machucou sem gravidade. Neste instante, como a escola não dispunha de enfermaria a professora parou a aula para assistir a aluna com primeiros socorros (curativos), pondo os demais alunos sentados.
Neste instante, um desses alunos (AL.3) se lamentou com a professora alegando que o tempo da aula estava passando enquanto a mesma assistia a aluna. O aluno dizia: [...] “Professora, o tempo da aula está passando, vamos continuar a atividade” [...]. Diante desta situação, após assistir aluna, a professora interrompeu a atividade por mais alguns minutos, mantendo os alunos sentados para dialogar sobre amizade e solidariedade.
Ela indagou aos alunos sobre o que consideravam de maior valor naquele momento: a continuidade da aula ou a ajuda à colega que havia se machucado. Os alunos disseram que era cuidar da colega, então a professora enfatizou que a solidariedade à colega tem muito mais valor do que a continuidade da atividade nestas condições. Todos demonstraram compreender a explicação, inclusive o colega que havia se lamentado (AL.3).
Este, após a discussão, voluntariamente, pediu desculpas por sua atitude, reconhecendo-a como errada.

Situação 4

 Em uma aula de Educação Física, antes do início de uma atividade de cabo de guerra para uma turma de terceiro ano, a professora enfatizou duas regras básicas relacionadas à segurança dos alunos:
 1. Que os mesmos não enrolassem a corda no braço;
 2. Que se ela levantasse as mãos e apitasse durante a atividade esta deveria ser interrompida imediatamente, pois simbolizava uma situação de perigo com algum colega se machucando.
No início da atividade para as duas equipes A e B, um aluno da equipe B caiu. Embora sem gravidade, por precaução, imediatamente a professora levantou as mãos e apitou pedindo que a atividade fosse interrompida conforme a regra previamente apresentada.
Um aluno (AL.4) da equipe A, que estava vencendo na ocasião da interrupção ficou indignado alegando que faltava muito pouco para a sua equipe ser a vencedora da atividade. O mesmo se lamentava: [...] “Ah não professora, não era para parar, assim não tem graça, a gente estava vencendo... só faltava um pouquinho para vencermos”[...].
Neste instante, a professora interrompeu a atividade e pôs os alunos sentados para dialogar sobre amizade e solidariedade. Pediu para que os alunos refletissem sobre o que naquele momento era mais importante, vencer mesmo que o colega estivesse se machucando ou interromper a atividade para ajudá-lo. Um dos alunos respondeu: [...] “Parar e ajudar o colega é mais importante porque ele se machucou”[...].
Então a professora enfatizou por meio do diálogo que a solidariedade é importante e representa que alguém demonstra amizade pelo outro sem interesse próprio, e que a generosidade está acima de qualquer vitória em uma atividade.
Enfatizou que todos que se lamentaram pela interrupção da atividade agiram de forma errada, sem considerar a virtude amizade pelo colega. A professora destacou que todos são amigos e, portanto, em todos os momentos e em qualquer situação o correto é se apresentarem solidários uns com os outros.
A conduta da professora na situação acima retrata que as atividades presentes na aula de Educação Física escolar, sejam competitivas ou cooperativas, podem e devem ser utilizadas como instrumentos para o ensino da Ética pela Educação Moral, todas as vezes em que houver uma oportunidade de intervenção.

Considerações Finais


Concluímos que o ensino da Ética integrado à prática pedagógica da Educação Física é possível, por meio da Educação Moral, pois situações de conflito vivenciadas pelos alunos permitiram uma rica intervenção da professora, fundamentada em virtudes e em valores éticos.

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